O sucesso e a longevidade dos pequenos negócios operados na modalidade de franquias empresariais estão diretamente ligados ao desenvolvimento de competências gerenciais. Essa formação deve ser baseada em soluções que minimizem os principais desafios enfrentados por franqueados e, ao mesmo tempo, levem em consideração o nível de escolaridade e as habilidades de leitura, escrita e cálculo do público-alvo.

É fundamental que franqueadoras ofereçam ferramentas adaptadas, como informações técnicas, cursos e consultorias em áreas essenciais à gestão, incluindo planejamento, produção, mercado, marketing, finanças, recursos humanos e atendimento ao cliente. Essas iniciativas são indispensáveis para a capacitação dos gestores e o fortalecimento de suas redes de negócios.

Analfabetismo Funcional: Uma Barreira à Gestão
Pesquisas realizadas pelo Instituto Paulo Montenegro/IBOPE (INAF Brasil) em 2018 revelam um cenário preocupante:

29% dos brasileiros entre 15 e 64 anos têm alfabetismo rudimentar, conseguindo apenas localizar informações explícitas em textos curtos e realizar operações matemáticas simples.
Apenas 46% dos entrevistados que concluíram o ensino médio alcançam níveis considerados funcionalmente alfabetizados, demonstrando que a escolarização não garante habilidades adequadas para lidar com as demandas da vida cotidiana e profissional.
Esse contexto impacta diretamente os franqueados, que frequentemente encontram dificuldades em compreender e implementar processos operacionais padronizados, essenciais para a execução do modelo de negócios idealizado pelas franqueadoras.

A Evasão Escolar e Seus Reflexos no Franchising
Outro fator crítico é o elevado índice de evasão escolar no Brasil, conforme aponta o estudo “Análise Situacional dos Indicadores das Pirâmides Empresarial, Ocupacional e Educacional”, realizado pelo Centro de Estudos da Asbrat:

71% dos alunos matriculados no ensino fundamental não ingressam no ensino médio.
85% dos estudantes do ensino médio não alcançam o ensino superior.
Esses números evidenciam que milhões de brasileiros ficam à margem do sistema educacional, o que dificulta seu acesso ao mercado de trabalho e a ocupações de maior qualificação. No contexto das franquias, o baixo nível de escolaridade reflete-se em uma gestão deficiente, que compromete a competitividade e a sustentabilidade dos negócios.

O Papel das Franqueadoras
Para mitigar os impactos da baixa escolaridade e promover a sustentabilidade de seus franqueados, as empresas franqueadoras devem adotar estratégias voltadas para a capacitação contínua. Isso inclui:

Programas de treinamento adaptados à realidade educacional dos franqueados.
Materiais didáticos que priorizem uma linguagem acessível e prática.
Acompanhamento próximo por meio de consultorias e suporte técnico.
A implementação de tais iniciativas é especialmente importante no segmento de microfranquias, onde os recursos e o suporte disponíveis são mais limitados. A capacitação gerencial torna-se, assim, um diferencial competitivo e uma garantia de crescimento sustentável para o sistema de franchising brasileiro.

Considerações Finais
O conhecimento do indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) deve ser considerado pelos gestores e supervisores de redes de franquias como um fator crítico de sucesso. Com ações educativas bem estruturadas, é possível não apenas superar as barreiras impostas pela evasão escolar, mas também construir redes de negócios mais sólidas, competitivas e resilientes.

Fonte: José Antonio Ramalho, Diretor de Gestão e Controle Organizacional da Asbraf

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